Invernos rigorosos, verões escaldantes e chuvas fortes em anos do El Niño, esses são alguns dos fenômenos da natureza que estão acima do controle do homem. A única coisa que resta a fazer é olhar para o céu, rezar e pedir a proteção para que não seja um ano devastador. E é assim que desde 1956 os produtores de vinhos vivem em todas as partes do mundo.
Mais do que emblemático, o ano de 1956 marcou mudanças no mundo do vinho que ainda reflete nos dias de hoje. Bordeaux nunca tinha tido tanto frio em um único ano, e dessa vez foi para marcar a história. A casta Malbec fazia parte das 5 uvas tintas permitidas no corte de Bordeaux, e era muito importante acrescentando cor e taninos macios aos vinhos. Mas uma casta de casca fina, delicada e que pede muito mais sol que as suas parceiras Cabernet Sauvignon e Merlot, a Malbec não aguentou o rigoroso inverno. O resultado foi uma perda de 75% de toda a colheita das uvas naquele ano. A partir daí os produtores optaram por substituir a Malbec por uvas mais resistentes ao frio, e hoje essa casta ocupa menos de 5% em Bordeaux.
Nos dias de hoje, o clima continua trazendo surpresas aos vinicultores, mas as tecnologias e aprendizados ajudam que não sejam tão devastadores essas mudanças climáticas. Mesmo assim, é preciso muito trabalho árduo. Esse ano de 2017 não está sendo diferente de 1956 ou mesmo de 1991, que foi outro ano de forte geada na região de Bordeaux. Alguns produtores já compararam os anos, e preveem uma grande perda. A diferença que podemos “encontrar” como solução talvez seja a experiência? O auxilio da tecnologia? Esperamos que sim! Pois a França vive um ano difícil! O frio já atingiu Champagne, Borgonha e agora Bordeaux foi a última a sofrer com o frio.
Estão previstas em algumas áreas da Margem Direita – Bordeaux, “Perdas de 50% a 100%”, disse Thomas Duclos, enólogo associado Oenoteam. – Decanter.com
Olivier Horiot, um enólogo em Les Riceys, estima-se que 40 a 50% do potencial 2017 da colheita na área tem-sido dizimado. – Decanter.com
E assim tem sido o mês de Abril em terras francesas. Do de cá do mundo, nós esperamos que tudo passe rápido e que as perdas sejam reparáveis! E se você nunca teve a oportunidade de provar um Malbec de Bordeaux, experimente um de Cahors, sua nova terra natal na França. Excelentes vinhos de cor violeta, taninos mais vibrantes e acidez mais alta que os nossos vizinhos argentinos.