Que vinho o “Sassicaia” toma?

Sassicaia é um vinho emblemático, isso todos nós sabemos! Não duvidamos nem um pouco que é um vinho que fez história e colocou a Itália na rota internacional. Mas os anos passaram e outros grandes vinhos italianos surgiram, diga-se de passagem meus preferidos.

Há alguns anos, eu tive a oportunidade de conhecer o Marquês Nicoló Incisa della Rocchetta de uma forma bem inusitada, ele “apareceu” na loja da minha família do nada com sua equipe. Daí surgiu uma nova amizade. Sim posso dizer amizade porque as famílias se aproximaram muito e hoje tenho o prazer de ser convidada para almoços e jantares com o pioneiro dos Supertoscanos, o famoso Sassicaia. 

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Um senhor bem educado, tímido e de poucas palavras desnecessárias, a sua opinião sobre os vinhos sempre será um aprendizado. E hoje escrevo esse texto para “revelar” algumas opiniões/gostos  e também da última degustação que tive a oportunidade de fazer com esse grande produtor.

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Enganam-se quem imaginou que ao chegar no Brasil seus vinhos são todos italianos, caros e safras históricas. Essa mania que todo vinho deve ser caro para ser bom é coisa de amador. O Marquês tem preferencia por vinhos do Novo Mundo que muitas vezes não tem acesso na Europa e por isso sempre pede uma seleção dos melhores rótulos que podemos conseguir. Mais uma vez, melhor não quer dizer caro! E sim eu preparo sua lista de vinhos pessoais.  

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O primeiro vinho que sempre está presente na seleção é o brasileiro de Santa Catarina Quinta da Neve Sauvignon Blanc. Esse é o vinho perfeito para tomar pelo menos uma garrafa por dia antes do almoço. Sem dúvida é o preferido dele. Já experimentou o Chardonnay do mesmo produtor, e de outros, mas o Sauvignon Blanc é imbatível. Posso dizer que recentemente ele experimentou o Sauvignon Blanc Colheita Noturna da Miolo e elogiou bastante quanto a escolha do processo e a iniciativa de se produzir vinhos menos alcoólicos e mais frescos.  (sem fotos)

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Passando para uma seleção de vinhos importados do Novo Mundo, chegamos ao Chile na primeira escala. O primeiro produtor que escolhi para que conhecesse na sua última vinda ao Brasil foi a Villard, e enviei o Sauvignon Blanc Expression Reserve e o Chardonnay Gran Vin. Dois vinhos de categorias diferentes. E foi o Sauvignon Blanc que impressionou o produtor da Toscana. Depois da primeira garrafa pediu mais 6 garrafas. Perguntei sobre o Chardonnay, e respondeu que é muito bom, mas anda cansado de Chardonnay faz um tempo… Madeira, corpo demais, álcool alto… Ele está na fase vinhos mais frescos.

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O segundo produtor chileno que escolhi foi o De Martino con o seu Gran Reserva Legado Sauvignon Blanc, e também elogiou bastante. Ao servir a taça se impressionou com a delicadeza dos aromas e o frescor na boca. Entrou na lista dos “vamos repetir” em uma outra temporada.

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Na Argentina o escolhido foi o Luigi Bosca Sauvignon Blanc, outro grande produtor, mas o vinho segue a linha dos encorpados demais, frutas maduras e até mesmo compota, um branco para inverno. E não se destacou na degustação.

E por último o Raka do Sul da Africa foi aberto. E esse também foi bem elogiado, estando em uma categoria de vinhos acima dos dois primeiros vinhos que mais o impressionou. Fresco, acidez perfeita, frutas frescas e bem aromático para um Sauvignon Blanc. Acho que se fossemos pontuar esse ficaria em segundo lugar. (aparece na primeira foto com todos os vinhos)

“Acredito que meu vinho seja um dos poucos italianos que de verdade melhoram ao longo do tempo”.  Marques Nicoló Incisa della Rocchetta

Sim, apenas falamos dos vinhos brancos. Verão, sol de 40 graus nesse Rio de Janeiro e os brancos são a preferência! Além do mais a sua opinião quanto aos tintos do novo mundo ainda é bem contrariada a maioria dos consumidores do novo mundo. Os vinhos devem ser menos alcoólicos e mais elegantes. E na prova de um vinho argentino venerado por muitos a sua opinião surpreende: 

“Não gostei nem um pouco, vinho amargo! Produzir um um Malbec puro não é bom, até na França estão parando. Se usam pequenas quantidades apenas para adicionar taninos ao vinho.”   comenta na mesa. 

Não irei revelar o vinho, afinal, se você gosta do vinho continuará! Talvez um dia com longos anos de prova de vinhos chegará a conclusão que os “excessos” podem ser evitados – Já falei do tema AQUI.

Parker degustou o Sassicaia 1985 e deu 100 pontos anos atrás. Em 2015 voltou a experimentá-lo e disse que agora daria 150 pontos.

Demorei bastante para escrever essa matéria. Se passaram anos de relacionamento para ter a confiança em poder falar de uma pessoa influente no mundo do vinho. Mas acredito que eu consegui passar um pouco o espírito de um bom conhecedor de vinhos… A ideia é apreciar um bom vinho, perceber a uva, características e delicadeza. Sem excessos! 

E seguimos aprendendo…

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Sassicaia é o nosso destino!