Pipeño no Minha Taça de hoje! E não me julguem!

Pipeño no Minha Taça de hoje! E não me julguem!

Pipeño quem aí já tomou? Eu tomei o meu primeiro Pipeño nessa última viagem a Santiago… E até que me surpreendeu!

O Pipeño é um típico “vinho” preparado com castas regionais e nobres, sempre muito consumido pelos camponeses chilenos. Mas que tem ganhado status entre jovens e novos consumidores do mundo do vinho. Ainda claro, é um vinho que os jovens compram por causa do seu baixo preço, vendem em garrafas enormes muitas vezes e é perfeito para noites de festa. Mas o cenário tem mostrado uma mudança em alguns produtores e esse que eu tomei é a prova disso.

Estávamos em 3 pessoas, um enólogo chileno, um chef francês e eu como sommelier. Ou seja, todos os três com boa experiência em degustações. E ao me servirem a primeira taça a ideia era ser uma piada, mas nos surpreendeu! O vinho era bem aromático, frutado e fresco. Na boca manteve as mesmas características destacando uma leveza enorme… E a palavra que veio na mente de todos foi um Beaujolais. Tudo bem, podemos dizer aqui um Beaujolais Nouveau, mas não deixa de ser um Beaujolais, certo?!

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Pesquisando um pouco sobre esse vinho Pipeño Alpa na internet, as uvas são: 70% Pais e 30% Cariñan. Foi fermentado em grandes lagares por pouco tempo mantendo assim o frescor. Parte da Carignan (Cariñan) foi fermentada com seus cachos inteiros. E no final o que temos é um Pipeño de boa qualidade.

Se eu tomaria de novo? Sendo de boa qualidade facilmente! Piscina, praia ou em festinhas sem compromisso. Porque não? Acho uma excelente dica para quem está de viagem marcada para o Chile. Experimente! Não se deixe levar apenas por grandes vinhos e rótulos renomeados… Sempre é interessante conhecer a cultura, a história e o vinho do campo em qualquer lugar no mundo. Afinal vocês não acham que os moradores e camponeses da Toscana bebem Brunello todos os dias, não é verdade?

Elaborados con las desprestigiadas cepas país y moscatel, las que trajeron nuestros colonizadores, los pipeños quedaron olvidados en sus garrafas y botellones, ante tanto vino fino, de cepas francesas con aires de exportación. 

Los pipeños se toman la web. – BY · 15 SEPTIEMBRE, 2014

Mestizo é o a dica de restaurante de hoje!

Mais uma dica de restaurante em terras chilenas… A escolha de hoje foi o Mestizo que fica em Santiago. Uma casa muito recomendada e que sempre está cheia. Frequentada por cantores e outros famosos, e acho que é daí que vem tanto sucesso. Mas o que eu achei? Bem…

Sem dúvida nenhuma o  Mestizo é um local que merece está na sua lista de restaurantes a conhecer se você é uma daquelas pessoas que gosta de frequentar uma casa bem famosa. Bem localizada, fica de frente para um lindo parque, mas esquece se você for a noite porque fica completamente escuro, a casa oferece mesas na parte interna e na varanda… Super moderno, bem frequentado (leia-se: vá bem vestido) e atendentes bem atentos. Foi a primeira casa que perguntou se queríamos resfriar o vinho tinto! Perfeito!

Fizemos reserva porque é recomendado e existe a possibilidade de chegar e ficar horas na fila de espera. Chegamos no horário marcado, a casa ainda não estava lotada, mas com o passar do tempo lotou e um murmurinho delicioso de pessoas. Mas vamos falar da comida porque esse é o assunto principal do post.

De entrada pedimos o Pulpo a la parrilla (polvo na grelha) que estava muito saboroso e muito bem apresentável. E também pedimos uma tábua com pescados diversos, no menu Tabla del Mar. Não tão legal porque vem bastante fritura e sinceramente para a noite em um restaurante bem legal não era o que eu esperava… E nem meus amigos. Mas é uma boa opção se o grupo for grande ou de dia tomando um vinho branco bem geladinho.

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De principal cada um pediu um prato. E eu aceitei a dica da “camarera” da casa. O peixe Congro acompanhado de batatas. Aceitei a dica porque disse que o molho era muito bom e preparado na casa, e imaginei um prato leve para a noite, mas infelizmente o peixe era frito e a batata também. Ou seja, tudo frito. Lindo de se vê, mas pesado para a noite… E a proporção de batatas era exagerada para acompanhar o peixe… Acho que faltou um terceiro acompanhamento para deixar o prato mais leve. Mesmo assim, estava muito saboroso.

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Outro prato foi o “Chupe Mestizo” que é como uma sopa de frutos do mar. Segundo a minha amiga estava muito bom, mas nada impressionante.

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E por fim, o terceiro pediu o Raviolión de Centolla, que sem dúvida foi o melhor prato da mesa. Estava bonito e saboroso. Acho que mesmo sendo massa foi bem mais leve que o meu prato.

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Para finalizar uma sobremesa básica… O Vulcano de Chocolate que é o nosso Petit Gateau com uma bola de sorvete. Muito bom, mas não se compara com o Crème Brülée do Baco que eu falei aqui.

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A minha conclusão é que o Mestizo é um restaurante lindo e agradável, mas recomendo ir para o almoço para curtir a vista. Os preços são honestos quando comparado ao perfil da casa e os pratos apesar de não nos ter encantado, sem dúvida, são muito bem executados.

Brunello di Montalcino Baricci 85 na Minha Taça!

E vamos a mais um Minha Taça! E dessa vez é especial! Eu tomei o Brunello di Montalcino Barrici – Safra 1985! Ou seja, estamos falando de 30 anos de garrafa!

A primeira vez que eu falei desse vinho foi em um vídeo no meu canal no Youtube AQUI. Eu explico exatamente a importância  da safra e os vinhos que comprei na minha última viagem a Toscana. E esse foi o vinho mais especial da viagem! Claro que existem outros maravilhosos Brunellos, mas em uma categoria de qualidade, preço e safra esse foi um excelente presente dessa viagem!

Postei no meu instagram e no snapchat fotos e vídeos do vinho no dia que abri, e algumas pessoas me perguntaram que dava mesmo para esperar 30 anos, e eu respondo agora minha mais sincera opinião! Esse vinho poderia esperar até 60 anos, acredite!!! Inicialmente duvidei um pouco, pesquisei bastante e sempre a sugestão era que um Barrici de ano excepcional – leia-se 5 estrelas – poderia ser consumido entre 50 – 60 anos sem problema, assim como o Brunello di Montalcino Banfi poderia chegar aos 100 anos facilmente. E tudo isso parece um pouco loucura, mas não é! São vinhos para uma vida!

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Eu trouxe esse vinho em agosto de 2015 ao Brasil. Um pouco receosa, pois fazia muito calor na Europa, viajamos de carro para a Toscana, e a garrafa ali junto. Pensei sinceramente que o vinho sofreria muito e não teria uma grata surpresa ao chegar no Brasil. Mas eu cuidei bem da garrafa. Deixei 8 meses na minha adega com uma temperatura controlada, mexi poucas vezes na garrafa… E foi agora no meu aniversário que resolvi abrir a garrafa!

RITUAL PARA ABRIR O VINHO:

O ideal é você ter um saca-rolha de pinça em casos de vinhos de safras muito antigas. Se a rolha estiver completamente molhada será preciso muito cuidado ao retirá-la. Minha sorte é que a rolha estava perfeita! E se percebe pelo estágio que o vinho atingiu a rolha que ainda tínhamos 30 anos pela frente. Como assim? Ela atingiu exatamente a metade com 30 anos e faltava a outra metade que poderia levar esse mesmo total de anos. Entendeu?! Qualidade  rolha é importante demais nesse tipo de vinho.

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Como eu não tinha problema com a rolha, usei o saca-rolha normal. E lentamente retirei da garrafa e deixei o vinho descansar na mesa. Não decantei! Nada de tirar o vinho da garrafa. Fui instruída em Montalcino a deixar a garrafa aberta até 6 horas antes do serviço, e foi o que fiz! Abri o vinho as 4 horas da tarde.

Como o clima estava muito quente, aqui batia os 30 graus, eu optei manter o vinho sempre com uma manta térmica para que a temperatura não subisse demais. Eu trocava a manta a cada hora mais ou menos. Sim é um ritual! Não é apenas abrir o vinho… É curtir cada passo, cada momento. E ao mesmo tempo eu provava um pouco do vinho para perceber a evolução na taça.

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EVOLUÇÃO NA TAÇA:

Um vinho de guarda pede tempo… Tempo para abrir a garrafa, tempo para prepara o vinho e tempo para degustá-lo. Cada ano que você espera aquele vinho pode te apresentar mais bouquet, mais características, evolução… E na hora de degustar essas  características também evoluem.

A primeira taça ao abrir a garrafa eu logo percebi um bouquet maravilhoso. Bosque, cogumelos, folhas molhadas… Mas tudo ainda um pouco forte demais, desequilibrado assim como na boca. Álcool muito aparente e acidez gritante. Mas eu estava radiante que o vinho estava maravilhoso! E não oxidado que era o meu maior medo.

Algumas horas depois o vinho começa apresentar um bouquet mais harmonioso. Surgem frutas vermelhas silvestres e o cogumelo persiste. E foi aí que comecei a preparar um belo risotto de funghi – trouxe da Itália – para harmonizar.

O vinho pede carnes vermelhas, pratos suculentos, e o cogumelo está entre os ingredientes da harmonização. Conclusão: para quem não come carne vermelha esse é o ingrediente chave da harmonização! Funghi porcini secchi!

HORA DE TOMAR O VINHO:

8 horas da noite: Primeira taça oficial! 4 horas após o início da decantação. Ainda com a manta térmica e agora é a hora de abandoná-la. O vinho precisa ser servido por volta das 18 – 20 graus. Com tantos anos esse vinho pede uma temperatura mais alta para podermos perceber todas as suas características. Nesse momento os taninos ainda secam um pouco a boca, mas de forma elegante. A acidez é alta e equilibrada. O bouquet segue o mesmo e na boca descubro o chocolate.

9 horas da noite: Resolvi decantá-lo para acelerar as 6 horas de decantação solicitadas e também para a possível borra do vinho. E a surpresa é que quase não havia borra. O vinho apresenta uma coloração já bem avançada mostrando seus anos – âmbar. E chegou a hora de degustar toda a garrafa.

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HARMONIZAÇÃO:

Risoto pronto juntamente com a hora exata de apreciar o vinho. Equilíbrio nos sabores total! Antes do risotto fizemos lascas de Parmigiano Reggiano com um leve fio de Crema di Balsamico al Tartufo. E foi delicioso! Perfeito demais! O sabor do queijo cremoso com o tartufo já é divino, e com um vinho que remete exatamente a esse mundo do bosque e sabores intensos foi dos deuses.

Com o risotto não foi diferente. Como já disse um equilíbrio perfeito. O prato não sobressaiu o vinho e vice versa. Harmonização plena! O vinho deixou mais boca ainda… Encontrei as frutas vermelhas de bosque, cogumelos, tabaco e ameixas pretas. Que espetáculo!

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CONCLUSÃO:

Escutei de pelo menos dois colecionadores em Montalcino que esse vinho poderia ser aberto de um dia para o outro. Mas eu no meu humilde conhecimento não quis arriscar. O vinho pode simplesmente morrer enquanto você decanta, e é por isso que provamos de hora em hora quando não conhecemos o vinho. Imagina deixar de um dia para o outro. Inviável! Além do mais escutar essas informações de senhores moradores da cidade não demostrava credibilidade suficiente para tal atitude. Optei pelas 5 – 6 horas de decantação.

Concluo que esses senhores sabem muito mais do que qualquer um de nós profissionais. Eles vivem esse mundo, eles cresceram tomando esses vinhos, sabem cada evolução, cada detalhe… Conhecem o vento, o sol e as suas garrafas! E falo isso porque deixei uma pequena quantidade, talvez não chegasse a 20ml de vinho no decanter para o dia seguinte. E a verdade é que estava riquíssimo em bouquet e na boca ainda totalmente equilibrado.

Ganhei forças para deixar meus outros Brunellos guardados por mais alguns bons anos na adega.

Dueño de la Luna na Minha Taça!

Mais um vinho para o Minha Taça! Dessa vez é o chileno Dueño de la Luna Carignan 2012 – Meli. O vinho foi escolhido por um casal de amigos em um almoço no restaurante Baco em Santiago – já falei dele AQUI, e obviamente achei bem legal a escolha, saindo do clássico Carménère e Cabernet chileno.

Falamos de todo o contexto do dia… Eu já tinha degustado alguns vinhos na Cousino Macul na manhã desse dia, e era um dia que realmente eu queria um vinho branco mais leve, fazia um calor insuportável! Mas não são só os brasileiros, mas os latinos de forma em geral quase não apreciam um bom vinho branco, como assim?! Realidade pura e dura! Então a melhor forma é ceder e andar conforme a turma que te acompanha. Por isso aqueles que já acessaram o post do restaurante e falo dos pratos escolhidos, não se espantem com a “harmonização”. ok?!

Voltamos ao vinho do almoço… Não conhecia Dueño de la Luna, mas a uva me agrada bastante. No nariz frutas negras intensas, cerejas, pimenta do reino e frutas secas, além de um toque quase terroso. Acho que ampliaria essa percepção se a safra fosse mais antiga. Na boca é estruturado e taninos firmes, lembra sabores mais fortes e até um chocolate surgiu, final longo e realmente um bom vinho. E com toda essa descrição seria perfeito para harmonizar com carnes vermelhas ou mesmo um belo risoto com funghi ou massas com molhos. Ok, eu comi peixe! Não, não, não façam isso… Foi desastroso! Deixei o vinho de lado, almocei e depois finalizei o meu vinho. Ambos eram divinos, mas não se entenderam entre si.

Tirei uma foto do menu do restaurante para lembrar do preço depois. E em pesos chilenos custa 19.000, o que seria hoje mais ou menos 100,00. Excelente preço se compararmos um vinho dessa qualidade em um restaurante em terras brasileiras.

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Então esse foi o Minha Taça de hoje. Mais um vinho para a lista dos degustados. Eu procurei informação da vinícola Meli, mas em uma rápida pesquisa não achei muita coisa… Nem mesmo o site tem informações. Quem souber mais informações fique a vontade para compartilhar aqui no site.