Visitando Cousino Macul

Visitando Cousino Macul

Em meus dias em Santiago não resisti e resolvi dar uma de turista 100%! E pensei, como não participar de um tour em uma vinícola como  uma total leiga no mundo do vinho? E foi exatamente isso que fiz! Entrei no site, reservei e fui!

Minha última viagem a Santiago não foi a trabalho, fui a compromissos pessoais, mas é quase impossível não falar de vinho quando se está no Chile. E aproveitei uma manhã livre para visitar um produtor que não faz parte do portfólio da importadora que trabalho. Sempre é bom conhecer outras empresas e degustar os vinhos… Já falei disso no meu canal no YOUTUBE que você acompanha AQUI. Muitas vezes ficamos presos aos mesmos vinhos porque trabalhamos com aqueles. Eu não gosto disso! E sempre busco provar o que não tenho “acesso”. Então vamos falar da Cousino Macul que foi a escolha dessa vez!

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Eu optei pela Cousino Macul pelo simples fato de ser muito próxima ao centro de Santiago, e eu tinha um almoço marcado às 13hs com amigos e logo um outro compromisso às 17hs. Sendo assim, não seria possível me aventurar em pegar estrada para longe e passar o dia.

Você chega a Cousino Macul de metrô e taxi. Basta entrar no site deles que indicam exatamente como chegar. Outra dica é ser um tour com hora marcada e existirem diversas horas, e informarem quanto tempo leva. A melhor opção acho que é passeio de bicicleta, mas eu não tinha tempo e optei por um tour com direito a degustação incluindo vinho, queijos e frutas secas – no site se chama TOUR PREMIUM e custa por volta dos 110,00 reais com o cambio do momento. E acho que vale muito a pena! Vou dizer que fiquei com certo receito antes de ir… Já fiz alguns tours desesperadores como o  da Concha y Toro que as pessoas quase brigam para pegar uma taça no balcão.

Nessa opção de tour, obviamente é feito todo o passeio pelas vinhas, explicando história, plantio, produção e por fim visita ao museu do vinho. Essa parte nunca muda e é exatamente como todas as vinícolas com um lindo e longo passeio no qual nós profissionais já não aguentamos mais. Porém, muito interessante se você ainda não fez e não entende nada de vinho. Depois fomos para a parte que me interessava, a degustação! Voilá! Não era em um balcão em pé com pessoas se empurrando por uma taça… Descemos para uma sala de degustação e lugares posicionados com os vinhos e cada um com o seu pratinho de degustação. Fomos conduzidos por um sommelier a aprimorar os aromas, gostos e a harmonização com os queijos. Muito interessante e bem educativo para iniciantes. Posso dizer que já visitei muitas vinícolas por aí… E acho que essa está entre uma das melhores recepções aberta ao público. Fica atrás dos que oferecem almoços e jantares.

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Provamos alguns vinhos da casa, do simples ao melhor. Exceto pelo famoso LOTA! Que tinha a opção de prová-lo por taça a parte… Mas não fiz por mero esquecimento, pois saí correndo – leia-se já estava atrasada para o meu almoço – e me limitei a comprar uma garrafa para dar de presente a um grande amigo do Equador. Não comprei duas porque havia prometido que não iria trazer vinhos ao Brasil dessa vez! Missão cumprida! Arrependimento maior ainda! Segue foto do amigo que abriu e te enviou só para agradecer – leia-se: dar inveja.

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O que posso falar dos vinhos? Obviamente o Fines Terrae é excelente, que é um corte Cabernet com Merlot. Mas quem me acompanha há um certo tempo, sabe que minha uva é a Pinot Noir, e agora ganhou o segundo lugar no meu coração a querida Syrah. Então eu fico com o Syrah Antiguas Reservas da degustação. Esse foi o meu preferido naquele momento. E quem busca um vinho com o precinho mais honesto, o Isidora Riesling é bem legal!

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Então esse foi mais um relato das minhas experiencias no mundo do vinho. Dessa vez como amadora, turista e apaixonada pelo mundo do vinho. Ok, no final me perguntaram se eu trabalhava com vinho, e respondi que sim com a concorrência. Mas só desconfiaram porque na degustação eu acertava os aromas e a harmonização perfeita com cada queijo… Como mentir? É fato que o Riesling tem querosene, que o Syrah é picante e que o Fines Terrae deles tem cogumelos. Seria demais ocultar as qualidades dos vinhos!

Espero que vocês tenham gostado e fica aqui a minha sugestão como vinha para visitar. No Brasil a importadora é a Premium que fica em BH.

Crianças terão aula de vinho na escola!

Crianças podem beber vinho? A resposta é não! Mas isso não impede que elas aprendam sobre vinho! E foi com esse pensamento que o político italiano Dario Stefano apareceu nas últimas semanas em terras europeias! Sim, a novidade por enquanto é somente por lá!

Grandfather and his grandchildren in vineyard - Stock Image
Grandfather and his grandchildren in vineyard – Stock Image

A Itália é o maior produtor de vinho no momento, e foi baseando-se nessa posição do mercado internacional que Dario tenta incluir como disciplina escolar a matéria de conhecimento de vinhos para crianças de 6 anos a 13 anos. O objetivo é ensinar a cultura do vinho, o trabalho dos produtores e a história do vinho ainda nos tempos Romanos e na Grécia. Ninguém terá aula para analisar a diferença entre Chardonnay e Sangiovese, não sairão da escola como profissionais do mundo do vinho, mas sim com uma bagagem da importância do vinho em seus país. E quem sabe conseguirão jovens que queiram voltar ao campo para produzir vinho? Tarefa nada fácil nos dias de hoje, ainda mais em um país extenso e que produz vinho em todas as suas regiões.

E apesar de algumas pessoas acreditarem que possa causar uma influência no consumo de álcool das crianças, estudos mostram que método similar realizado em algumas escolas da França conseguiram um resultado positivo, e na verdade até mesmo baixando o índice de consumo de álcool.

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O projeto de lei propõe que as crianças da escola ter uma aula de uma hora de vinho toda semana e é apoiado por Attilio Scienza, professor de cultura do vinho na Universidade de Milão.

Agora é esperar para ver o resultado disso tudo. Talvez daqui a 15 anos a Itália continue sendo o primeiro no mundo se conseguir com sucesso despertar nos jovens cheios de tecnologias a importância de uma simples parreira plantada em um solo. Caso contrário, a possibilidade de grandes vinhedos chegarem as mãos de chineses é bem grande!

Para ler a matéria completa clique AQUI.

Franceses jogam vinho fora!

Quem me acompanha no Facebook viu o meu post essa semana de uma matéria que saiu no site da falando sobre uma grande polemica de vinho bom jogado fora.  Na verdade foram os franceses que tomaram essa medida no sul da França ao interceptarem caminhões vindo da Espanha.

O fato é que um grupo de produtores de vinhos franceses – chamados até mesmo de militantes – resolveu impedir que vinho Espanhol entrasse em território francês para ser engarrafado como “vinho francês”. Não ache isso um absurdo! O mundo inteiro faz isso, claro que com países que tem fronteira por terras ou não, como é o caso de azeites e destilados que viajam em tonéis por barcos.

Você já pensou que os franceses estão certo? Que tomaram essa atitude em nome do bom produto francês? Pois é, não foi exatamente o motivo dessa revolta. O que acontece é que o vinho espanhol chega mais barato que o francês, paga menos impostos e diante da crise de consumo de vinhos que a França vem enfrentando nos últimos anos, esse foi o jeito que encontraram de proteger a venda de seu produto, e não abrir mão para a concorrência desleal. Afinal podemos dizer sim que aqui é uma concorrência desonesta! Alguns produtores franceses usam o rótulo francês por vinhos não franceses? Sim… E não é justo nem com os demais produtores que pagam tão caro por terras, impostos e o cultivo em terras franceses e muito menos com o consumidor que é enganado.

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A França nas últimas décadas tem lidado com uma grande mudança no mercado do vinho. O país saiu de um dos poucos produtores de vinhos de qualidade para ser apenas mais um! Agora o mundo inteiro faz vinho bom! O jovem francês diminuiu o consumo de vinho e migrou para outras bebidas alcoólicas. As terras francesas continuam caras e pequenos produtores se viram obrigados a vender para chineses, americanos e russos. Uma triste realidade que pode acabar com a tradição de tantas e tantas décadas. Quem está certo ou errado? Não sei! Mas que os espanhóis devem ficar atentos isso eu sei que sim! A determinação dos franceses promete muito mais barulho nos próximos meses.

Baco é o restaurante da vez! De volta a Santiago.

Se tem um restaurante que vale repetir em Santiago, diria que é o Baco. Me dá água na boca só de lembrar do Créme Brûlée da casa…

Quando fui a Santiago, o restaurante não estava na minha lista de prioridades, na verdade não estava em lista nenhuma! Eu não conhecia o Baco. Mas conheci o proprietário Nicolás através do Charlie Villard, e aí entrou na lista dos restaurantes que deveria sim conhecer! Vamos explicar…

O jovem que segue os passos do pai, demonstra paixão por uma comida de boa qualidade, de origem francesa, ele tenta aplicar seu conhecimento com produtos de alta qualidade para atender da melhor forma possível seus clientes. Eles chegam a importar queijo e foie gras da França para terem certeza da procedência e manter o padrão.

Fui com um casal de amigos almoçar super rápido porque tínhamos um compromisso algumas horas depois. E a verdade é que a informalidade da casa não deixa transparecer o que vem pela frente. E para a surpresa dos três – leai-se 3 turistas – foi o melhor restaurante da viagem.

Cada um pediu um prato diferente, mas antes pedimos queijos… Eles têm porções e pedimos dicas ao garçom. Fico devendo as fotos porque a fome era grande e esqueci de tirá-las antes de sobrar apenas dois pedacinhos. Mas os pratos eu fiz foto!

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Eu pedi um peixe – Merluza com alho com pimentões assados… Tudo muito bem preparado. O peixe estava tão fresco que soltava em lascas. Sem excesso de temperos e em perfeito cocção. Eu realmente achei perfeito para um almoço leve e que pedia um pelo vinho branco para harmonizar. Dispensaria o arroz branco que acho simples demais para acompanhar o peixe que já é bem básico, sem molhos e outras coisas mais.

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Outro prato foi a base de lagostins acompanhados de quinoa. E estava um espetáculo! Seria minha opção na próxima visita ao restaurante.

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Por último o prato escolhido foi um Lombinho de porco com creme de mostarda e espinafre ao creme.

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O que posso dizer é que os três estavam maravilhosos. Super frescos e leves. E ficamos com vontade de ter mais tempo na viagem para nos aventurarmos em outros pratos do cardápio. Mas deixarei isso para uma próxima viagem.

Finalizamos pedindo um Créme Brûlée – afinal aqui estamos falando de um restaurante com base francesa, e essa é uma clássica sobremesa! E mais uma vez nos surpreendeu com um creme extremamente crocante por cima, macio por dentro sem ser “aguado” e o açúcar na porção certa! Receitinha difícil de encontrar até mesmo em boas casas por aqui.

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Essa foi a minha dica de mais um restaurante para conhecer no Chile. O Baco fica muito bem localizado e também é um burburinho na noite… Conta a “lenda” que a casa vende 9.000 garrafas de vinhos por mês! Já imaginou?! A carta é enorme e a quantidade de opções de vinhos em taça é excelente! Ah… O vinho que tomamos no Baco? Esse eu faço um post só para ele.

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Sommelier de verdade carrega caixa!

Sommelier… Uma profissão que está em expansão no mundo todo. E é daquelas que carrega um ar de glamour. Basta você dizer que é sommelier que as pessoas te olham e falam: nossa que chique! Mas nem sempre é não glamouroso assim, todo sommelier que é sommelier de verdade carrega ou já carregou muita caixa!

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Nesses meus 17 anos de trabalho no mundo do vinho, e pelo menos 10 anos como sommelier não conheço um bom profissional que não tenha arregaçado a manga da blusa para carregar algumas caixas. Entendo que nos dias de hoje, alguns já renomeados podem até manter a pose em alguns eventos usando os seus ternos e gravatas, e as mulheres com seus saltos altos… Eu mesma uso! Mas antes de chegarmos a essa etapa do dia ou da vida, é preciso carregar muita caixa, montar mesa e limpar taças… Ah… Servir o vinho também é claro! Afinal o que é ser realmente um sommelier?!

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O que vemos hoje é muita gente tirando títulos de cursos internacionais, tomando vinhos extremamente caros e esbanjando muito glamour nas redes sociais, mas será que esse cara realmente é um sommelier? A profissão exige muito mais! Exige que você conheça todo o processo de produção de um vinho, que faça pelo menos uma colheita na vida para saber e valorizar as horas que as pessoas passam no campo colhendo as uvas… Exige que você leve a fundo todo o trabalho do winemaker na vinícola em deixar aquele vinho pronto para depois você “sommelier” criticá-lo, servi-lo e antes disso carregar as caixas do vinho!
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Concluo que a profissão de um sommelier de verdade pode não ser tão glamourosa como nas mentes das pessoas, mas no final o prazer sempre é enorme. Cada caixa carregada vale a pena! E quem sabe com o seu crescimento profissional um dia você poderá ter quem carregue as suas caixas, provavelmente um sommelier em início de carreira. E aqui se começa novamente mais um ciclo de um sommelier.