Cabernet Franc é a casta da vez!

Cabernet Franc é a casta da vez!

Ok! Estamos sempre acostumados a escutar Cabernet Sauvignon quando falamos de vinhos tintos principalmente do Chile. Mas existe outra “cabernet” que está fazendo sucesso! Dessa vez, vamos falar da Cabernet Franc, que um dia já foi mais importante do que parece, chamada mesmo de pilar das uvas francesas.

É responsável por resultados que proporcionam um vinho geralmente magro, saboroso e ocasionalmente herbáceo, o que o torna uma excelente escolha para dias quentes do verão. E podemos destacar as regiões de Chinon, Bourgeuil ou Saumur-Champigny – no Loire – como as melhores opções dessa casta jovem e com preço acessível. Em Bordeaux também se destaca como a “salva vinho” quando a safra da Cabernet Sauvignon não é boa, sendo adicionada em mais quantidade no corte, e damos destaque para os vinhos da margem direita (Pomerol e St.Emilion).

Mas não é só na França que a Cabernet Franc tem se destacado. Recentemente a Revista Decanter – sou uma leitora devota e fica a dica para quem gosta de ler sobre vinhos – publicou uma lista dos 23 melhores vinhos argentinos dessa variedade, que atingiu pontos muito interessantes. E sem dúvida nenhuma tem chamado a atenção.

“Cabernet Franc é um sucesso! Mesmo um sucesso maior do que Malbec, a respeito de classificações internacionais…
…Ele é um parceiro ideal para Malbec, como eles são totalmente diferentes em termos de sabores. Além disso, ele expressa o que a Argentina é, mostrando suas diversas regiões vinícolas com o mesmo vinho varietal “.
Comentário de Alejandro Vigil, enólogo da Aleanna e Catena Zapata – Argentina.

E é o que esperamos no mercado! Muita novidade e cada vez mais vinhos sinceros que mostram o terroir, e não vinhos “marketeiros”.

Agora é hora de experimentar algumas boas garrafas dessa casta e voltar aqui para contar para vocês!

As uvas, os vinhos e o clima que estão mudando…

Se tem um tema que constantemente está nas revistas e nos sites de vinhos é a mudança climática do mundo. As uvas, os vinhos e o clima estão mudando… E sim os vinhos já não serão os mesmos!

Cientistas de Londres já comprovaram que o aquecimento global tem mudado o amadurecimento das uvas, e consequentemente o resultado, ou seja, o vinho também. Uvas como Pinot Noir, Merlot e Chardonnay estão crescendo mais rapidamente, e a sincronização entre o crescimento, o sabor, açúcar e acidez também tem sofrido mudanças.

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VINHEDOS NA INGLATERRA

Um número crescente de vinícolas estão lutando para identificar o momento perfeito para a colheita das uvas, para assegurar os seus vinhos e manter os sabores característicos do seu terroir, do seu rótulo e o esperado pelo consumidor, é o que diz uma pesquisa realizada por Kimberly Nicholas, professor associado de ciência  da sustentabilidade na Universidade de Lund, na Suécia.

“A mudança climática está começando a afetar os sabores singulares que as pessoas esperam de diferentes vinhos – a experiência que você conhece e confiança de seus vinhos tintos e brancos favoritos”, disse Nicholas em um relatório publicado na revista Scientific American. 
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O tempo é uma peça fundamental na vinificação, mas o clima não está necessariamente relacionada como o melhor produto final, segundo Julian Alston, diretor do Instituto Robert Mondavi. E com esse pensamento, já visualizou as mudanças geográficas que estão ocorrendo, e diz estarem preparando mudanças “lenta e gradual”. Alguns produtores irão optar por castas diferentes, que melhor se adaptam ao clima. E tudo isso não é um grande problema para esses produtores, apenas uma adaptação. O mesmo não pode ser dito pelos produtores de Bordeaux ou Borgonha por exemplo. Regiões que estão sob a mira da legislação Européia de Vinhos, que define muitas vezes qual a uva que será plantada em cada região. E será necessário encontrar uma forma de mudar suas regras se quiserem continuar no mundo do vinho e encarar à mudança climática.

“Quando você crescer uma uva em muito quente o clima, ele tende a ser muito maior e mais ousado, que também tende a ser elevada pelo álcool”, disse Jones VICE News. “Vinhos alto teor de álcool tendem a não ir bem com comida, e é isso que fazemos -. Beber vinho com a comida”

E com toda essa mudança climática global, existem países que estão felizes… Um deles é a Inglaterra que terá clima mais apropriado para entrar de vez no mundo da viticultura. E sem dúvida novos hectares surgiram com melhor clima para a vinificação.  Sem esquecer que a Inglaterra já começou a ensaiar bons rótulos como os da safra de 2003.

Fontes de pesquisa:

  • https://news.vice.com/
  • http://www.winebiz.com.au/
  • http://www.wineanorak.com/

Estação Alves de Sousa na Minha Taça!

E o calor continua por essas terras, então vamos de mais um vinho branco para refrescar o verão! A escolha dessa vez foi o Vinho Estação Branco – do grande enólogo Domingo Alves de Sousa. Aqui falamos de um grande produtor, que consegue trazer para nossas prateleiras vinhos preparados, frescos e que tem tudo a ver com o nosso clima, até mesmo o tinto que leva o mesmo nome.

No caso desse rótulo estamos falando de um vinho com preço acessível e qualidade alta, é aquele vinho para receber muita gente em casa, ou mesmo tomar sem compromisso uma taça quando chega do trabalho. E foi exatamente o que fiz, com a exceção de beber somente uma taça (risos).

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O Estação branco oferece uma coloração bem clara, que podemos classificar como palha. Já no nariz sentimos impressões cítricas, leve toque tropical e notas florais. Na boca é justo, não sendo leve demais e tampouco muito encorpado, que é exatamente o que não poderia buscar nesse vinho. Afinal, o que busco é frescor e leveza, e isso ele tem! E no final de boca podemos dizer que ele também tem uma permanência boa. Sem dúvida, um vinho para ter sempre na adega para dias de sol, na beira da piscina ou acompanhado de petiscos… E por falar em comida, vamos a harmonização!

HARMONIZAÇÃO:

Truta grelhada, servida com manteiga de ervas; Bacalhau assado com batatas ao murro; Arroz de sardinha. 

 Como a maioria dos vinhos portugueses, esse é um corte com típicas castas portuguesas – Malvasia Fina, Gouveio e Arinto – e toda a fermentação e amadurecimento foi feito em inox, o que nos proporciona esse frescor todo do vinho. 

E essa foi mais uma dica de vinho para esse verão de 2015! Aproveite!

VINHO: ESTAÇÃO BRANCO / PRODUTOR: DOMINGOS ALVES DE SOUSA / CASTAS: MALVASIA FINA, GOUVEIO E ARINTO / SAFRA: 2012 / REGIÃO: DOURO / PAÍS: PORTUGAL

 

As letrinhas miúdas dos Champagne…

O mundo do vinho é enorme! E sem dúvida regras existem, mesmo que a gente não se dê conta! Nos famosos champagnes existem umas letrinhas miúdas no rótulo, que seguem regras da legislação. Muitas vezes nem nos damos conta, e talvez você nunca tenha prestado atenção.

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Mas é legal saber, e sem dúvida influência na qualidade do Champagne… Sabe porque? Concorda que um Champagne 100% controlado pela vinícola, desde o plantio até o engarrafamento tem mais “olhos do dono” que aqueles que já compram uvas, ou mesmo o Champagne já pronto e só rotulam? Pois é! Então descubra certinho como é produzido aquele Champagne que você tanto ama!!!

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Essas são as letrinhas miúdas que podem te ajudar a identificar um melhor Champagne que um outro:

NM: “Négociant Manipulant” – empresas que compram uvas de outros produtores e elaboram seus vinhos. As grandes marcas – de volume também – de Champagne normalmente encontram-se nesta categoria;

RM: “Récoltant Manipulant” – empresa que possui vinhedos e controla todo o processo, produzindo com uvas próprias e comercializando seu próprio Champagne; Aqui estão os queridinhos Premier Crus e Grand Crus… Ou seja, os melhores Champagnes!

CM: “Coopérative Manipulant” – cooperativas que fazem vinhos com uvas de produtores membros.

RC: “Récoltant Coopérateur” – membros de uma cooperativa que vendem os Champagnes produzidos por outras cooperativas com seu próprio nome/rótulo.

MA: “Marque Auxiliaire” – uma marca sem vínculo com o produtor, pertencente a, por exemplo, um supermercado.

SR: “Société de Récoltants” – uma associação de viticultores produzindo em conjunto uma marca de Champagne, mas sem formarem uma cooperativa.

ND: “Négociant Distributeur” – um negociante de vinhos que adquire o Champagne pronto e comercializa com sua marca própria.

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Os rótulos de Charlie não morrerão!

O terrível ataque que aconteceu em Paris semana passada tira a vida de 3 grandes cartunistas franceses que eram irreverentes nos designs de rótulos de vinhos.

As palavras “Je suis Charlie” viajaram o mundo em solidariedade com as vítimas do ataque terrorista em Paris. Muitas pessoas, como eu por exemplo, não conheciam seus trabalhos, mas passaram a admirar. Então resolvi pesquisar um pouco mais sobre o que faziam. E para minha surpresa encontro um artigo da Decanter Magazine que relata o importante trabalho que 3 desses cartunistas tiveram no mundo do vinho desenvolvendo rótulos para lá de criativos, fora de contexto e impactantes.

Em Bordeaux o winemaker Gérard Descrambe fala da amizade com os cartunistas, e explica que foram mais de 40 anos encomendado trabalhos a Charlie Hebdo e outros, para tornar os rótulos atraentes que variavam de bêbado para sugestivas de humor sexualmente explícito.

 “Seu espírito era de rir de tudo e de expor a maior besteira do mundo. E eles foram mortos por o maior ato de besteira.” (Gérard Descrambe)

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Carreira dos cartunistas como designers rótulo começou no início dos anos 1970, quando Descrambe e seu irmão, Christian, assumiu o lugar de seu pai no Château Barrail des Graves, na denominação St.-Emilion. E usava uma seleção dos rótulos de cada ano para a metade das garrafas que produz. ( A outra metade apresentam rótulos tradicionais de Bordeaux).

“Sempre foi minha filosofia para se divertir com o vinho”, diz Descrambe. “Há muitas pessoas em Bordeaux que não sabem como se divertir com vinho. Eles fazem isso muito sério. Como um ritual”.

je suis charlie3Em 2008, Descrambe vendeu suas vinhas St. Emilion, mas ele e seu filho, Olivier, ainda produzem cerca de 3.300 casos por ano de Bordeaux vinho  de denominação sob seu Château Renaissance (também com desenhos animados). Seus vinhos são exportados dentro da Europa e para o Japão, mas não para os Estados Unidos. (“Too complicated”, Descrambe.)

Descrambe diz que irá continuar a usar suas obras de arte em seus rótulos de vinhos que virão. “Humor é indispensável, é o que faz o desespero desaparecer”, diz ele. “São pessoas que não digerem bem que tornar-se constipado. É por isso que eles não podem sorrir.”

Seria bem legal termos esses rótulos em grande resolução para se tornarem posters, não?! Ficarei de olho na internet porque acredito que logo logo isso deverá acontecer!!!!